Na sexta-feira resolvemos deixar Florença mais uma vez e
fomos passar o dia em Pisa, a cidade que já dominou o Mediterrâneo e que tem uma
história de força e poder. Nós fomos em busca de uma das representações desse passado, o ícone da cidade, seu maior símbolo: a
torre torta.
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Estação Santa Maria Novella - Florença amanheceu fria |
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Adoro viajar de trem |
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Trem é aquele meio de transporte onde entramos e relaxamos |
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Paisagem toscana entre Florença e Pisa |
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Em uma das paradas do trem, fiquei observando o moço no banco - ele me distraiu |
Florença amanheceu muito fria naquele dia e com pouca luminosidade. Logo depois do café da manhã seguimos para a Estação Santa Maria Novella onde compramos passagens, exatamente como no dia anterior.
Mais uma vez entramos no trem, escolhemos nossos assentos, nos acomodamos e relaxamos: enquanto Léo lia o jornal local, eu ía observando a bela paisagem toscana que se descortinava diante de minha janela à medida que avançávamos velozes. Diferente do trem que tomamos na véspera para Lucca, o que nos levou à Pisa não estava cheio e nem barulhento.
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Stazione Pisa S. Rossore |
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Trem Florença - Pisa |
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Portão de acesso ao Campo dei Miracoli |
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Complexo do Duomo |
Descemos na Stazione Pisa S. Rossore. Encontramos a cidade muito fria e com céu cinza naquele fim de outono: adoro esse clima. Fomos caminhando por
cerca de 10 minutos até o objetivo de nossa visita: a Torre de Pisa. Para chegarmos lá, seguimos o fluxo e logo nos deparamos com a muralha e o portão de acesso ao
complexo que envolve o Batistério, o Duomo, o Campanário (a torre) e o Camposanto no Campo
dei Miracoli.
É muito curiosa a sensação de irrealidade que me acomete quando eu me deparo com um monumento tão mundialmente famoso como a Torre de Pisa. Sinto-me entrando em um cartão postal e parece quase sempre muito surreal estar com qualquer um deles diante de mim: ao vivo e em cores.
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Batistério, Duomo e Campanário |
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Duomo e o Campanário (a torre) em destaque |
O complexo me impressionou à primeira vista: depois que meus olhos e sentidos se acostumaram, tudo mudou de perspectiva. Entretanto, sob nova análise o conjunto continuou belíssimo e muito interessante. De qualquer ângulo que olhemos para aquelas peças inseridas no Campo dos Milagres vemos lindas imagens.
Para ter acesso ao interior das estruturas é preciso ter ingressos que são vendidos ali mesmo. Há várias opções, dependendo do que queremos visitar. O único edifício gratuito é a Catedral (Duomo), mas mesmo para entrar nele é preciso solicitar os ingressos. A fila estava enorme e gastamos mais ou menos meia hora até conseguirmos nossos bilhetes.
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O robusto Batistério que mistura o estilo romântico e o gótico |
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O Batistério é um edifício majestoso |
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O Batistério em detalhes góticos |
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O Batistério é um dos elementos que celebra o poder da Pisa medieval |
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O Camposanto bombardeado na Segunda Guerra |
Começamos nosso recorrido observando o todo, sorvendo em
pequenos goles o que estávamos vendo. Contornamos o Batistério, redondo, robusto,
bonito, majestoso com perímetro de 107 metros e altura de 55 metros, o maior da Itália, mas não entramos. Contentamo-nos com sua fachada.
Ele começou a ser construído
em 1152 e levou dois séculos e meio para ser finalizado. Combina o romântico (parte inferior) com o gótico (parte superior e cúpula). Acho que essa mistura de estilos caiu muito bem ao Batistério de
Pisa.
A construção dele, que é dedicado a São João, foi muito custosa e em determinado momento, ainda no início das obras, as famílias pisanas concordaram em pagar uma taxa especial para que ele fosse completado.
Passamos para o Camposanto, o quarto e menos
famoso elemento do conjunto de Pisa, o último a ser erguido: uma comprida e retangular estrutura do
século XIII que combina perfeitamente com o formato circular do Batistério, como uma moldura, conferindo harmonia e ainda mais elegância ao complexo.
O cemitério levou esse nome porque seguia uma tradição onde continha areia trazida de lugares santos pelos barcos pisanos. Durante a Segunda Guerra Mundial foi bombardeado e teve seus afrescos quase totalmente
destruídos restando apenas alguns vestígios. Aqui também optamos por não entrar.
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A Catedral Santa Maria Asunta - o Duomo de Pisa |
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O interior magnífico do Duomo de Pisa |
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A arte para todo lado no Duomo de Pisa |
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Beleza em alto grau |
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Lindos afrescos |
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Púlpito de Pisano |
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Púlpito de Pisano com cenas da vida de Jesus em alto relevo e curvo |
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O colorido do altar |
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A arte que adorna o altar |
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Ricardo Coração de Leão concede privilégios aos Pisanos |
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As colunas foram trazidas das mesquitas de Palermo, depois do ataque de Pisa a cidade |
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As colunas foram trazidas das mesquitas de Palermo, depois do ataque de Pisa a cidade |
No início do século XI deu-se início à construção da Catedral de Pisa chamada Santa María Asunta, um dia após a vitória dos pisanos sobre os muçulmanos de Palermo. Foi a primeira construção a ser erguida no Campo dei Miracolo. O contínuo crescimento da cidade foi celebrado e marcado por extraordinárias obras arquitetônicas como a catedral.
Entramos no Duomo: seu interior é magnífico e cheio de
ornamentos e detalhes. É um mundo inteiro de informações e colorido. De arte e
de proporção. Apesar da iluminação indireta, pouca, tão típica da maioria das
igrejas e catedrais, o Duomo de Pisa não tem uma atmosfera opressiva tão comum
neste tipo de construção. Ele tem ares de museu, embora seja impossível
esquecermos que estamos em um templo católico. Talvez o contraste o torne tão
atraente.
O púlpito esculpido por Giovanni Pisano é uma obra de arte
com alma própria: a sensação que eu tive foi de soberania, que aquela peça
tinha consciência de sua independência absoluta diante de todos os outros
elementos dispostos na catedral. O púlpito era carregado de arrogância, merecida, com cenas em alto relevo narrando a vida de Cristo em paineis ligeiramente curvos: uma inovação.
O altar foi um dos mais bonitos que eu já vi: repleto de
quadros contando a história de Pisa como o Riccardo
Cuor di Leone Concede Privilegi al Pisani (1850). Um imenso mosaico do
Cristo Majestoso, cercado pela Virgem e por São João, do século XIV completa o cenário.
As colunas foram trazidas de Palermo após a vitória de Pisa sobre os muçulmanos. Para quem já visitou a Andaluzia irá perceber semelhanças com a Mesquita de Códoba e La Alhambra de Granada.
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Campanário e Duomo por outro ângulo |
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Nós em um cartão postal |
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Ela é mesmo muito torta |
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Impressiona a inclinação |
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Quanto mais distantes mais percebemos a inclinação |
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O Duomo e a torre |
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Pessoas caminham no alto da torre |
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O alto da torre |
Contornamos o Duomo e saímos do outro lado, onde entramos na
lojinha cheia de gente, vendendo os souvenires de sempre, caros como sempre. O objeto
mais comum, claro, era a torre: de todos os tamanhos, materiais, tonalidades e
preços.
A famosíssima Torre de Pisa na verdade é o Campanário, cuja construção foi iniciada em 1173, sobre terreno arenoso, perto da cabeceira do Duomo. Começou a
inclinar antes mesmo de sua conclusão e mesmo assim, continuou subindo até sua conclusão
em 1350.
Galileu Galilei realizou aqui experimentos relacionados a
velocidade de queda dos objetos. Não subimos a torre: consideramos que não
valia o custo X benefício. O valor do ingresso era caro, inversamente
proporcional a sua altura - 56 metros - o que não iria me proporcionar uma vista
tão ampla quanto a de Siena e de Florença.
Obras de engenharia foram executadas para impedir que a torre
caísse e a tornasse segura para os turistas: especialistas acreditam que ela está salva pelos próximos 3 séculos. Tomara!
Para quem não abre mão de subir é bom saber que o número de pessoas permitido por vez é de apenas 40, então é melhor garantir o ingresso on line para evitar ficar longos períodos na fila. Crianças com idade inferior a 8 anos não são autorizadas.
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Vou derrubar! |
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Alguém achou minha vergonha? |
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Você consegue! |
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Força, Léo! |
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Consigo soprar de volta? |
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Todo mundo entra na brincadeira |
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Segurando com a cabeça - não é fácil achar os ângulos |
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Posso afundar? |
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Tentando não deixá-la cair |
Pisa foi a primeira cidade que visitei na Toscana que estava
apinhada de pessoas. Turistas de todas as idades, nacionalidades e tipos físicos aos montes, disputando cada centímetro de chão para as irresistíveis fotos
brincando com a torre torta.
Apesar de multidões me irritarem profundamente, eu estava
ali, e acabei entrando na brincadeira: deixei minha vergonha (que tenho em
demasia) de lado e passei muito tempo tirando (tentando) fotos jogando com a inclinação
da torre. Léo sofreu comigo e com minha incapacidade de coloca-lo nos ângulos
corretos para fotos bacanas.
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O entorno do Campo dos Milagres |
Depois de muito tempo perambulando pelo Campo dos Milagres, bateu a fome e fomos almoçar. A tarde já tinha iniciado, a temperatura tinha caído bastante, Pisa estava gelada, o céu continuava cinza e eu estava ansiando por uma boa massa e uma taça de vinho. Saímos então em busca de um local simpático que atendesse aos meus anseios.
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